Depois de Amanhã_

Reflexões analógicas sobre um mundo binário.
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Retração, reconfiguração

Nos primeiros dias de março de 2020, desmontamos o espaço físico que tínhamos no Porto Digital.

Fomos uma das primeiras empresas do parque tecnológico a levantar âncora e migrar 100% para o trabalho em casa, o tal do home office. Permanecemos até agora e, por enquanto, ainda sem previsão exata de retorno.

Embora necessária, foi uma decisão com dificuldades bem particulares.

Nos últimos anos, entre idas e vindas e algumas trocas de endereço para comportar o número maior de pessoas, transformamos nosso pequeno espaço em um ambiente que transcendia o trabalho.

Sem planejar, aos poucos a Paradox Zero transformou-se também num ponto de apoio para alunos e ex-alunos das nossas oficinas e cursos rápidos, que desde 2014 sempre ocorriam à noite, fora do horário tradicional da agência, às vezes terminando bem depois das 22h e outras vezes com treinamentos intensivos nos finais de semana para grupos fechados.

E também era uma segunda casa. Talvez de uma forma não muito saudável, é verdade. Com sofá-cama, lençol, travesseiros e muita Coca-Cola com biscoito para sobreviver nas madrugadas que o fuso horário diferente de alguns projetos demandava e ainda demanda.

O ano de 2019 já apresentara uma relativa crise econômica para vários clientes e, por tabela, para nós também. Foi um sinal de alerta sobre o modelo de negócio da agência: se os clientes falham, nós também podemos falhar?

Acho que não podemos.

Começamos a identificar, com mais clareza, alguns bugs em nossa proposta original de ser uma agência que oferece soluções pragmáticas e que simplesmente funcionam.

A pandemia nos deixou com tempo de sobra para refletir sobre os bugs e implementar correções.

Da retração à transição –

A Paradox Zero surgiu de uma observação, de três décadas, de como muitas empresas e instituições usam tecnologias sem saber direito o que estão usando. Às vezes por moda, às vezes por custo, às vezes por falta de opção, às vezes por orientação de profissionais que nem sempre desenvolvem as soluções que orientam.

Outros problemas comuns: tecnologias impossíveis de escalonar; tecnologias defasadas há décadas e perpetuadas por falta de suporte; tecnologias que complicam a sua vida, quando deveriam facilitar; tecnologias que adicionam etapas em fluxos de processos, quando deveriam diminuir essas etapas.

São os gargalos mais primários de tecnologia que costumam gerar os maiores prejuízos a longo prazo, não apenas financeiro, mas também de capital humano. Um relato mais extenso e detalhado sobre nossa origem e os problemas de capital humano pode ser lido aqui.

Nos meses que se seguiram ao início do home office, vimos clientes em dificuldades enormes, clientes fechando as portas, clientes falindo. O mesmo ocorreu com várias pequenas empresas próximas a nós; algumas concorrentes, outras parceiras. Sem contar o tanto de profissionais amigos que passaram este último Natal sem emprego. Uma tristeza enorme.

A retração causada pela pandemia levou clientes, projetos e empregos embora, mas nos permitiu reconfigurar nosso trabalho de dentro para fora.

Da retração à transição –

Tivemos muito sucesso em nossa configuração original, fechamos inúmeros gargalos tecnológicos dentro de empresas e instituições; e também projetos muito interessantes de inteligência corporativa (BI) em vários Estados do Brasil e em outros países; mas falhamos miseravelmente na pandemia.

Como?

Faltou produto.

Principalmente no setor de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC), há duas áreas macro de atuação: serviços e produtos.

A primeira precisa de clientes; a segunda precisa de consumidores.

Há uma longa e interminável discussão socioeconômica sobre qual seria o caminho mais eficiente para o desenvolvimento dos países subdesenvolvidos: serviços (qualificados) ou produtos (inovadores)?

E toda pequena empresa é meio que um pequeno país em desenvolvimento.

A pandemia transformou clientes ricos em consumidores pobres. Porque a gente abre mão do serviço, mas não abre mão do consumo.

Você abre mão de ir ao restaurante (serviço), mas não abre mão da pizza e da cerveja (produto).

A retração de 2020 revelou com clareza e crueldade esse bug no design da economia de serviços para as pequenas empresas, uma situação que as grandes não presenciaram.

O efeito dominó agora é óbvio, pois o bug estava (em partes, ainda está) impregnado no design de soluções oferecidas ao cliente, que são serviços eficazes, seguros, transparentes e objetivos.

A economia de serviços é a mesma para soluções com qualidade e sem qualidade: elas valem exatamente o quanto o cliente acha que vale.

Nosso objetivo original de fechar os gargalos de tecnologia e multiplicar as soluções sob demanda esbarra na esperança e na fé de que os gestores entendam que a tecnologia reduz custos em vez de criar custos.

Mas a pandemia minou a esperança dos clientes. E a fé não funciona por código binário.

Da transição à reconfiguração  –

Temos muitas novidades para anunciar a partir desde início de 2021, inclusive os produtos que começamos a desenvolver na pandemia.

Um desses produtos está em fase final de desenvolvimento e deve ser lançado pelos próximos 30 dias, mas vamos anunciar antes aqui no boletim, com exclusividade.

E ainda vamos discutir muito os efeitos da pandemia nos negócios, na tecnologia e em nossa reconfiguração como agência que resolve os problemas que outras não conseguiram.

Até a próxima!

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