A educação na visão de uma jovem e de um jovem
Por Lívia Oliveira, 18 anos, e Cleyton Machado, 19 anos, militantes do MIRIM Brasil
A educação pode promover no Brasil uma juventude ativa, que luta pelos seus direitos. O ensino nos faz questionar os problemas atuais e pensar em soluções para eles. Para nós, uma educação ideal proporciona todas as condições necessárias para que a pessoa crie senso crítico e possa, assim, decidir qual rumo seguir na vida.
Apesar de toda a sua importância, a nossa já fragilmente consolidada educação vem sofrendo há anos ameaças de desmonte. Em 2016, houve a proposta de reforma do Ensino Médio e a Emenda Constitucional para congelamento de investimentos por 20 anos no setor. Hoje, em 2019, há o bloqueio de R$ 5,8 bilhões de verbas das universidades federais, comprometendo, assim, o seu funcionamento.
Esse cenário caótico que os estudantes brasileiros e as estudantes brasileiras vêm enfrentando revela as manobras políticas do atual governo para atender os interesses do mercado financeiro e abarcar prioridades que não envolvem a formação educacional da população.
O levante estudantil ocorrido ao longo do mês de maio é imprescindível para reerguer a importância das universidades federais como mola propulsora de ciência, pesquisa e desenvolvimento no país para a sociedade.
Foi perceptível, por meio de medidas que fomentaram a democratização das instituições públicas federais, que a cara da universidade se tornou outra. O sistema de cotas pôde garantir não apenas a possibilidade de que metade dos e das estudantes seja oriunda de escolas públicas, como também de tornar as instituições cada vez mais coloridas e diversas. Jovens pobres com origem de difícil acesso à educação puderam sonhar em ocupar esse espaço.
Antes das manifestações, coletivos estudantis se organizaram para expor as pesquisas e as extensões realizadas na universidade, em praças, estações de metrô e áreas públicas, apresentando à população que educação sem ciência não pode gerar desenvolvimento e que conhecimento é produzido todos os dias, para dentro e fora do país.
O sucateamento dos investimentos na educação brasileira compromete a soberania nacional, o reconhecimento internacional da educação e, principalmente, o acesso e permanência dos estudantes que precisam da assistência de bolsas de pesquisas, do restaurante universitário, dos auxílios permanência, moradia e alimentação e que, também, necessitam trabalhar oito horas antes da faculdade.
Por isso, não podemos nos manter inertes no que tange à defesa de um dos maiores trunfos que temos que é universidade pública brasileira. Enquanto o sistema persegue os estudantes, avançamos contra o retrocesso e a favor da educação pública, gratuita, equitativa e de qualidade.
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