Boletim de notícias do MIRIM Brasil | nº 1

Quarta-feira, 3 de abril de 2019

Olá, companheire, tudo bem?

Se você está recebendo este email é porque está ligado ou ligada ao MIRIM Brasil. Ficamos muito felizes em anunciar o nascimento da nossa mais nova publicação: “Comunicar pela Infância”. Uma newsletter mensal que traz notícias sobre a nossa atuação pela defesa dos direitos humanos, especialmente ligados à infância, juventude, gênero e educação. Além disso, trazemos sugestões de leitura relacionadas a esses temas. Esperamos que você aprecie a leitura, compartilhe suas impressões conosco e, quando quiser, venha conhecer nossas atividades de perto.

Abraço forte,

Equipe MIRIM Brasil

Em Dubai, MIRIM entrega cartas a Malala e denuncia violação do direito à educação no Brasil

A presidenta do MIRIM, Sylvia Siqueira Campos, esteve em março em Dubai, nos Emirados Árabes. Lá, ela teve a oportunidade de reencontrar a paquistanesa Malala Yousafzai, a mais jovem Nobel da Paz, e de entregar a ela cerca de 20 cartinhas que foram escritas por meninas e adolescentes que participam do projeto social Pontinha de Futuro, que ensina balé de graça no Alto Santa Isabel, zona norte do Recife. 

Em Dubai, Sylvia também participou do encontro anual da Rede Gulmakai, iniciativa do Fundo Malala para fortalecer a defesa da educação de meninas em todo o mundo, e do Fórum Global sobre Educação, que reuniu líderes mundiais dos setores público, privado e social em busca de soluções para alcançar educação, equidade e emprego para todos e todas.

Durante sua viagem aos Emirados Árabes, Sylvia denunciou a violação que vem sendo cometida pelos governos municipais, estaduais e federal no Brasil do direito que todas as pessoas têm a uma educação gratuita e de qualidade. 

Acesse o site do MIRIM e saiba mais detalhes sobre as cartinhas escritas pelas meninas e adolescentes do Alto Santa Isabel para Malala e sobre a participação do MIRIM nesses dois grandes eventos de educação em Dubai.

O QUE ESTAMOS FAZENDO

Saiba um pouco mais sobre a atuação do MIRIM Brasil na luta pelos direitos humanos.

Projeto social com meninas

Conhecemos o trabalho inspirador que a professora de dança Jay Figueirêdo desenvolve com cerca de 80 crianças e adolescentes no Alto Santa Isabel, zona norte do Recife. Ela dá aulas gratuitas de ballet às meninas. A visita rendeu um papo bem legal com a garotada e ideias de juntar forças em prol da educação de meninas. Veja fotos desse encontro no nosso Instagram.

Conferência Municipal de Juventude

Por mais um ano, o MIRIM participa da construção da Conferência Municipal de Juventude do Recife. A 4ª edição da conferência, que é realizada a cada dois anos, ainda não tem data definida, mas deve ocorrer no 2º semestre deste ano. A Conferência Municipal de Juventude é o espaço maior de deliberação das políticas públicas de juventude do Recife. Saiba mais no nosso site.

MIRIM e Xukurus pela educação

Estivemos na Aldeia Santana, em Pesqueira, no Agreste de Pernambuco, para fortalecer a relação que temos há quase 25 anos com os Xucurus. A primeira escola do povo Xukuru de Orubá foi construída com a nossa participação, na década de 90. No território indígena, existem atualmente 39 escolas nas quais estudam 2.831 crianças, adolescentes e jovens indígenas. Veja fotos desse encontro nas nossas redes.

NOSSA OPINIÃO

 

O MIRIM se solidariza às famílias das dez pessoas mortas e das que ficaram feridas, bem como a toda a comunidade escolar, na tragédia ocorrida em março na Escola Estadual Professor Raul Brasil, em Suzano (SP).

Foi com muito pesar que soubemos da notícia de que um adolescente e um jovem, ex-alunos da unidade de ensino, entraram no local, atiraram contra alunos, alunas, funcionários e funcionárias e depois, segundo as autoridades policiais, cometeram suicídio. O governo do Estado de São Paulo precisa dar apoio psicológico de qualidade, de longo prazo, a todas as famílias afetadas diretamente e à comunidade escolar.

Uma das primeiras perguntas que nos fazemos é «Por que isso?». A equipe de investigação e a mídia tentarão achar razão nos perfis do rapazes; alguns políticos retomarão a proposição da redução da maioridade penal, outros tentarão dizer que o Estatuto do Desarmamento é um fracasso (como já fez o senador Flávio Bolsonaro, pelo Twitter). Nenhum deles dirá, nem pelo Twitter, que os altos cargos políticos do país criaram um ambiente de legitimação de todas as formas de violência.

Nós entendemos que uma das causas é o decreto nº 9.685, de 15 de janeiro de 2019, que facilita a posse de armas no Brasil – umas das principais bandeiras na campanha de Bolsonaro. Além disso, o governo federal propôs uma medida provisória para recadastrar armas ilegais, uma espécie de anistia das armas. Não por acaso, numa busca por remontar o mercado de armamento no Brasil, 117 fuzis M-16 foram encontrados pela polícia na casa de um amigo do policial militar Ronnie Lessa, apontado como um dos responsáveis pela execução da defensora de direitos humanos e vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes. Várias armas estavam com registros adulterados. Foi a maior apreensão de armas na história do Rio de Janeiro.

Nós condenamos quaisquer medidas que interfiram na vida do povo de forma trágica e que não se sustentam em estudos de políticas públicas, mas, unicamente, nos ideais violentos e punitivos de setores da sociedade e, obviamente, na vontade da indústria das armas. Aumentar o armamento da sociedade pode gerar pânico social, redução da presença das pessoas dos espaços públicos e até o aumento da precariedade dos serviços públicos, como a educação.

Nós esperamos da Presidência da República, das casas legislativas e do sistema de Justiça muito mais do que emissão de frases de condolências e solidariedade. É preciso consciência para reconhecer e abandonar o sistema de privilégios. É preciso responsabilidade histórica para redigir e aprovar projetos de lei que salvem vidas, principalmente das populações historicamente oprimidas. É preciso coragem para enfrentar o capital (que, inclusive, tem o mercado da guerra como um dos mais lucrativos para as grandes potências) e criar uma economia que promova igualdade com equidade. É preciso luta e persistência para enfrentar o horror político e fazer uma mudança civilizatória pela educação.

Nós, do MIRIM Brasil, nos colocamos à disposição das famílias da comunidade escolar de Suzano. Reforçamos nossa união às lutas comprometidas com a defesa dos direitos humanos e pelo bem viver. Não descansaremos de denunciar a negligência do Estado brasileiro em cuidar da população. Seremos chama acesa para todas as pessoas e coletivos que busquem justiça social.

O QUE ESTAMOS LENDO

Aqui você encontra sugestões de reportagens e textos interessantes que chegaram até a gente no último mês sobre educação, infância, juventude, gênero e direitos humanos.

BBC Brasil: As crianças sequestradas e adotadas ilegalmente por militares durante a ditadura brasileira -- https://bbc.in/2HzQIsC

Marco Zero: Como a ditadura impediu o Nobel da Paz que Dom Hélder ganharia --  http://bit.ly/2FLu8Ki

The Intercept Brasil: "As pessoas me rotulam como mãe de preso, mas ele só está vivo hoje por conta da minha luta" -- http://bit.ly/2FuJCU6 

Nova Escola: O que educadores podem fazer frente a uma tragédia como da escola em Suzano (SP)? -- http://bit.ly/2T21ARu

El País Brasil: Quem mandou matar Marielle? E por quê? (coluna da Eliane Brum) -- http://bit.ly/2T5CPUs

Brasil de Fato: O feminismo do tapete vermelho -- http://bit.ly/2Jafph9

Outras Palavras: 8M: pelo que lutar em 2019 -- http://bit.ly/2HjkBh1

Marco Zero: Racismo policial reprime encontros de ‘passinho’ e já fez a primeira vítima em PE -- http://bit.ly/2tBxWbw

BBC Brasil: Como o Brasil trata menores infratores dos tempos do Império até hoje -- https://bbc.in/2TUzjSe

Lunetas: O que é efetivamente escutar uma criança? -- http://bit.ly/2VeOt0F

Nexo: Os mitos e mentiras sobre o trabalho essencial das ONGs -- http://bit.ly/2XwsBju

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